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domingo, 27 de maio de 2012














Ando tão só / por O.Heinze

Ando tão só.
Pedra única de dominó
que nem comigo caso.
Se neste por acaso
encontrasse alguém?!
Sigo no mesmo trem
de estações vazias
dias atrás de dias.
No céu não vou não;
nem também no chão;
nem no perfume da flor;
sequer na ideia de amor.
Pois sem mim sou nada;
visão do fim da estrada;
além de horizonte;
junção caída de ponte;
mão estendida inimiga;
balanço sem viga;
criança sem açúcar;
idoso sem cuca.
Ando tão só,
por favor, tenha dó.
Por que também você
quer ser só, por quê?
Vamos jogar dominó?
Brincar de escravos de Jó?
Ser criança de bondade
que adora fazer amizade?!...

sábado, 19 de maio de 2012





















Flor e capim

Quando vi pela primeira vez essa flor,
ah quando a vi florida,
desejei tê-la para meu coração,
jardim à tempos sem vida.
E cada dia que lhe via
num sorriso que floria,
meu coração de erva-daninha
se capinava na esperança de tê-la minha.
Mas de repente fiquei sabendo
que a flor já tinha jardim
e meio que morrendo
senti meu coração desbatendo
sufocado de tanto capim.

domingo, 6 de maio de 2012

Borboleta que vi metamorfosear no meu quintal e que passeou um tempo por meus dedos antes de ganhar o mundo.
Cores do coração / por O.Heinze

Talvez a cor das asas da borboleta
seja pura e simplesmente
a impregnação amorosa
que seu coração sente pela flor.
Mal sabe ela da estampa
que leva em suas costas
e que todos amam e admiram.
Se soubesse poderia, quem sabe,
não querer mais a flor,
mas a ilusão de si própria
morrendo numa vaidade
sem néctar e envolvimento.